Qualquer projecto começa com uma necessidade, oportunidade ou obrigação legislativa. Este é o pressuposto base para se iniciar um projecto, mas como definimos o que é necessário fazer? Esta é uma pergunta com uma resposta complexa e ao mesmo tempo simples, olhem para o Work Breakdown Structure (WBS).
O WBS apresenta de forma clara, em blocos de trabalho, a estrutura do projecto. Estes podem estar organizados na forma de entregas do projecto das fases de projecto, estas são duas das formas de se abordar o WBS, no entanto o correcto deve ser uma visão das entregas.
A forma de representação pode assumir múltiplas representações gráficas, desde uma listagem hierárquica ate um gráfico de GANTT, acredito que o WBS inicial de um projecto deve ser apresentado com uma arvore hierárquica dividida por níveis, consoante a complexidade do projecto vamos tendo mais níveis, mas inicialmente não é aconselhável passar de três níveis.
Cada bloco de trabalho deve ter ter a sua precedência bem definida, dentro do seu ramo hierárquico, responsabilidades e responsáveis.
O WBS é uma ferramenta que permite iniciar a estruturação de recursos, custos e tempo de execução, permite ao grupo de trabalho ter uma visão sobre o todo o projecto e os seus impactos, melhorando assim a qualidade do projecto. Deve ser possível ao analisar um WBS compreender claramente o caminho entre o solicitado e o entregue.
Quando se esta a elaborar o WBS a pergunta frequente é o que vamos colocar como blocos de trabalho? Esta é uma pergunta que depende somente do que se quer ver espelhado, no entanto existem alguns princípios básicos e técnicas de blocos de trabalho, vamos abordar sucintamente algumas:
- Deve incluir todo o âmbito de projecto.
- 8 ou 80 – Não se deve colocar nenhum bloco com menos de 8 horas de trabalho ou mais do que 80 horas.
- 80/20 – Partimos do principio que 20% do trabalho vai fornecer 80% das entregas (não esquecer que estamos a olhar para entregas neste caso e não fases do projecto), com tal vamos representar estas actividades.
- 2 semanas- Nesta caso estamos a olhar para fases de projecto, devemos agrupar tarefas de foram a criar blocos de aproximadamente 2 semanas.
- Senso comum – Pode parecer despropositado mas se faz sentido estar no WBS, então coloquem.
- Regra de 100%- Deve ter 100% do que se pretende atingir (âmbito), cada bloco pai deve ser idêntica a soma dos blocos filhos.
- Deve ser mutuamente exclusivo – Não colocar algo duplique o trabalho para satisfazer âmbito.
- Nenhuma tarefa deve ser superior a um período de reporte – Se tem períodos de reporte de projecto mensais não podem ter tarefas com um tempo de execução que ultrapasse esse mês.
O WBS só deve ter tarefas de trabalho, não deve ter metodologia de projecto, este é um erro normal na execução de um WBS, vamos pensar que o WBS é a estrutura e a metodologia de gestão de projectos como super-estrutura invisível. Não faz falta e não serve para nada colocar no WBS as fases estruturadas de projecto, não são trabalho efectivo, são gestão.
Ao criar um WBS devemos numerar todos os blocos de forma inequívoca, isto permite compreender, não só onde cada bloco se enquadra, como também utilizar esta numeração em documentação gerada pela gestão de projecto. Exemplo se temos um bloco pai com dois blocos filhos ficamos com 1.0 para o pai e 1.1 e 1.2 para os filhos.
Uma das varias boas razões para se criar um WBS é estabelecer um mecanismo de acompanhamento e controlo do projecto. Outra das boas razões é permitir iniciar o levantamento de riscos, pressupostos e assumpções do projecto.
Assim temos - O WBS serve para se ter uma visão dos trabalhos a realizar de acordo com o que se pretende entregar, de forma estruturada, definindo responsabilidades, atribuindo custos e aferindo tempos inicias de execução, compreender os riscos pressupostos e constrangimentos iniciais e em simultâneo permitir uma visão de controlo do projecto.
Não nos podemos esquecer que o WBS é uma ferramenta que deve ser criada o mais cedo possível e deve ter uma vida que acompanhe o projecto, sendo alterado consoante a evolução do projecto, não deve ser um peso morto ou pior ser um dogma imutável.
Bons projectos
Miguel Sá Morais